domingo, 27 de fevereiro de 2011

Malabarismo desequilibrado

Kerlon fazendo foca no cruzeiro

Às vezes acontecem umas coisas no futebol que nada tem haver com o 22 caras correndo atrás da bola. Nesses últimos dias houve mais manchetes sobre o título de 87, a taça das bolinhas, o clube dos 13 e a falta que o Gordinho Fenomenal faz ao futebol, do que sobre os jogos dos regionais, copa do Brasil e Libertadores. Essa audiência é meio estranha, né? Parece que dá importância ao motivo errado.

Há alguns anos atrás surgiu um garoto que também virou manchete. Se destacou de uma forma inusitada. Também me pareceu darem importância ao motivo errado. Gols? Assistências? Movimentação? Estilo de jogo? Não. Kerlon, jovem atacante do Cruzeiro, se notabilizou por aplicar um drible tosco nos zagueiros: de repente jogava a bola pro alto, equilibrava a redonda na testa e saía correndo. Como a mídia se diverte com coisas inúteis (o BBB é o programa de maior audiência da tv brasileira...), lógico que o menino Kerlon ficou famoso. Ganhou até apelido: foquinha.

A palhaçada estava formada. Era só o atacante pegar na bola que todo mundo esperava que ele atacasse de foquinha (e não é que as vezes ele conseguia mesmo passar pelos zagueiros equilibrando a bola na testa!?). Kerlon não jogava lá essas coisas, mas de tanto falarem dele e meterem aquele velho papo de "Isso que é o futebol brasileiro! Essa irreverência! Essa alegria..." os europeus meteram a mão no bolso.

Kerlon fazendo foca na seleção
Fico impressionado com as compras que os times europeus fazem, às vezes. Deve ser mesmo complicado ir às compras quando se tem dinheiro pra comprar o que quiser. Não adianta, você vai acabar comprando merda... E assim foi. Após ser levado do Cruzeiro pelo Chievo, pasmem, em 2009 nada mais nada menos que o Inter de Milão comprou o foquinha. O que, você não sabia? É, é que ele nunca jogou 1 jogo sequer com a camisa azul e preta. Foi emprestado pro PSV, se machucou, voltou pro Inter e foi emprestado pro Paraná. É, Paraná. Quando o Inter empresta um jogador pro Paraná Clube, das duas uma: ou o Paraná contratou um superjogador, ou o Inter já sacou que fez uma contratação esdrúxula e está tentando diminuir o prejú.

Bem, uma coisa é certa: o time de Curitiba tratou a vinda de Kerlon como a maior contratações dos últimos tempos, também, pudera, animais adestrados como poodles pulando em bambolês em chamas e focas equilibrando bolas no nariz são sempre shows emocionantes. E eu pensando que a maior bizarrice do campeonato paranaese era o Paulo Baier com 57 anos fazendo chuver. Essa seara promete!

Kerlon fazendo foca no Parané Clube



















Jônatas Amaral

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Cazabé, uma avalanche de problemas


 A diretoria do Grêmio ainda não deu uma dentro no ano de 2011. Após perder o leilão por Ronaldinho Gaúcho e deixar Jonas, o artilheiro do Brasileirão 2010, escapar, os gremistas fizeram um favorzão ao Clube de Regatas Vasco da Gama. Retiraram das entranhas da Colina um dos maiores chinelinhos do futebol moderno.

Lembro que esse blog, muitas vezes, não discute a qualidade técnica dos jogadores, mas apenas o momento de determinada contratação.

Esse post não poderia ser feito, por exemplo, na época em que o irmão do craque Fernando saiu do Fluminense para o Porto. Era seu auge, Carlos Alberto realmente brincava em campo.
C.A. fez grande sucesso no Fluminense, no Porto e fez boas partidas pelo Corinthians, quando o Timão realizou a famosa cirurgia no Internacional, através do Dr. Márcio Resende de Freitas, supervisionada pelo Dr. Edilson Pereira de Carvalho (Sim, de novo esse assunto). Mas depois disso, Cazabé parou.

O Vasco não levou fé. “Ah, mas o Vasco foi campeão da série B, com ele jogando muita bola”. Não, meus caros. O Vasco subiu porque jogou vestido de anos de tradição e com garra. Logo após o acesso, o Predador fez propaganda e o escambau. Mas bola mesmo, muito pouco. Muito pouco para um jogador do status que achávamos que ele tinha.

Quase me esqueci de sua passagem medíocre pelo Botafogo. Carlos Alberto saiu de mau com a turma de General Severiano antes de embarcar na caravela.

O fato é que Carlos Alberto não fará sucesso com a turma da Azenha. E lhes digo o porque.
Todos conhecem a fama de time aguerrido e raçudo do Grêmio. Sua torcida adora um carrinho bem dado, jogadas de vontade durante os 90 minutos . 

Bom, C.A. não é nada disso, e quanto tenta ser acaba expulso. Ele é o tipo de jogador que abaixa o calção do bandeirinha. Tudo bem, eu sei que era um jogo amistoso, mas pra mim isso é e sempre será atitude de moleque. 

Ouviu??? Você é moleque! Tira essa roupa tricolor, tira essa roupa tricolor! Você é moleque! Ops... perdão.

Posso estar enganado, mas esse pode ser o último time grande a dar uma chance ao atleta, quer dizer, a Carlos Alberto.  É bom o Grêmio não apostar todas as suas fichas no malandro, pois a paciência da torcida está quase no limite e C.A. tem um Gauchão, uma Libertadores e um Brasileiro para queimar minha língua.

Leonardo Borges

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O preço da Art Déco

Jackpot!
Sua habilidade não está em disussão. Passe refinado, visão de jogo, frieza, bom arremate ao gol. Deco foi um grande jogador. Percebeu a conjugação do verbo?

Anderson Luís de Sousa apareceu rapidamente nas divisões de base do Corinthians, mas seguiu pra Portugal, onde realmente brilhou para o futebol mundial. Depois de jogar no Benfica e no Porto, onde ganhou dois nacionais, uma Taça de Portugal, uma UEFA e uma Liga dos Campeões da Europa (com Mourinho no banco e Carlos Alberto no meio-campo), Deco foi comprado pelo Barcelona e compôs o time absurdo que encantou o mundo com Ronaldinho e Eto'o jogando tudo e mais um pouco.

Saiu do Barcelona e foi para o Chelsea em 2008. Que carreira, né? Pois então, lá não jogou muito, mas não dá pra dizer que fez feio. Depois de amargar o banco de reservas, especialmente na temporada 2009/2010, Deco foi defender Portugal na Copa (onde também foi banco) e após isso, saindo da África do Sul, pegou avião pro Brasil. E não foi pra passar férias não, foi de vez.

Aos 33 anos, Deco acertou com a Unimed sua vinda para o Brasil (o Fluminense fez parte da negociação também). Com idade avançada e salário nas alturas, Anderson Luís chegou na equipe que acabou levando o Brasileirão - só não dá pra dizer que teve participação na conquista. Diferente de nomes como Robinho, Ronaldo e Adriano, que não decepcionaram suas torcidas ao retornarem da Europa, desde sua chegada, Deco está "tímido" no Fluminense. Se comparado a Dario Conca, outro meio-de-campo do Flu, parece até piada. E pensar que em 2010 o argentino ganhava um pouco mais de 1/3 que o luso-brasileiro, é bizarro. Enquanto o Brasileirão rolava, Deco passava mais tempo no Departamento Médico do que no campo.

Raios Mestre! Tô com uma dorzinha aqui.
E as lesões não ficaram no ano de 2010 não. 2011 começou da mesma forma que o ano passado teminou. Dequinho coçando a coxa, Muricy coçando a cabeça e o Fluminense coçando o bolso. Em 6 meses, nada menos que 5 lesões, todas nas coxas - 4 na direita e 2 na esquerda. Bichado? Não, que isso...

Na humildade, Deco tira por mês a loteria de R$700.000. Em 6 meses (6 x 700.000 = 4,2milhões), Deco jogou 18 vezes e fez 1 gol. Na moral, preciso falar mais alguma coisa? A contratação já é fatalmente um prejuízo. Mas nem adianta reclamar, o contrato vai até o meio de 2012: realmente, é o fim dos tempos.

Jônatas Amaral