domingo, 2 de janeiro de 2011

Rubro-Alvi-Negro-Verde: tá tudo em casa!


O Brasileirão tem disso: às vezes, o artilheiro da seara é o atacante de um time inexpressivo que acaba, sabe Deus porquê, numa fase absurda, fazendo uma pá de gols. "Nossa, aquele rapaz do Paraná tá fazendo gol em todos os jogos, né!?" - era o comentário que mais se escutava durante o Brasileiro de 2007. O segundo comentário que mais se escutava era "Pode esperar que esse aí o Flamengo vai comprar..." E comprou mesmo. Josiel super mullet veio pro Fla em 2008.

Quem acompanha futebol para além dos jogos de seu time, sabe facilmente do que esse comentário trata. O rubro-negro carioca tem uma tática de contratação que vem se repetindo anos a fio - o que não quer dizer que tal tática jamais alcançou resultados satisfatórios, mas enfim - que é muito simples: comprar o artilheiro do Campeonato Brasileiro anterior.

Parece ser uma estratégia inteligente, né? Mas tem um detalhe: o Flamengo só contrata os artilheiros que são marotos, bizarros, zé-ninguéns, bizonhos, muquiranas. Se o Romário foi o artilheiro de 2001, não quer dizer que o arqui-rival o contratará em 2002. Se o Keirrison foi artilheiro em 2008, não quer dizer que o Flamengo vá comprá-lo em 2009. Agora, se o Dimba foi artilheiro em 2003, é lógico que ele vai pintar na Gávea em 2004! Entendeu a coerencia? É por aí...

E nessa diretriz administrativa da cartolagem rubro-negra, uma relação inter-clubes se destaca: Flamengo e Goiás. Sãos dois perfis que se encaixam: de um lado, o alvi-verde, por uma dessas coisas inexplicáveis do futebol brasileiro, tem uma sorte pra arrumar artilheiros que eu nunca vi! Do outro lado, o Flamengo, um prazer masoquista em trazer um pobre-coitado do centro-oeste pra jogar em estádios lotados, sair no jornal todos os dias e ser vaiado por qualquer gol perdido.

Esse romance começou no começo da década de 90. Lúcio Bala (lembra dele?), revelação do Goiás, abalou o Brasileirão de 96 e desembarcou no Rio de Janeiro pra ser o companheiro de ataque do rubro-negro carioca, ao lado de Romário, o melhor do mundo 2 anos antes. Lógico que foi um fiasco. Lógico! Hoje, Lúcio joga a série C pelo Paysandu - triste.

Lição aprendida? Não, Lúcio Bala foi uma jogada de azar! Em 2003 ia dar certo! Ano em que se consagrou o artilheiro mais feio e de nome mais jumbrega da história do futebol tupiniquim - Dimba - o Flamengo atacaria de novo. Em 2004, o galã Dimba chegou de mala e cuia no Rio para ganhar um salário indigesto e sair escurraçado por diretoria, mídia e torcida, meses depois, com 14 gols em 37 jogos.

Nesse negro-ano de 2004, Dimba foi do mesmo grupo de um outro atacante, também de nome esquisito, também revelado pelo Goiás, também muito ruim de bola - Dill. Pobre Dill, mais um perrapado que brilhou desordenadamente em um campeonato goiano e foi jogado no Flamengo. Mais um fiasco - de lá, foi direto pro Bahia, disputar a série B.

Não acabou! O desengonçado camisa 9, Souza, o que mais anotou golos no Brasileiro de 2006, foi mais uma aposta da diretoria do Flamengo. Pra resumir a história: só 6 gols no Brasileiro de 2007; 3 gols no Brasileiro de 2008. E gritos de "Obina" vindo da torcida. Souza aproveitou a oportunidade do futebol grego e meteu o pé (Fez bem, jogador ruim tem que priorizar a grana mesmo, antes que as pessoas percebam que ele não joga nada!).

A relação do Flamengo e Goiás é histórica no futebol. Talvez não tão famosa pro Brasil, mas a torcida do Flamengo com certeza sabe muito bem dela - sabe como é né, "quem apanha não esquece". Lúcio Bala, Dimba galã, Dill, Souza bonecão do posto. Constratações esdrúxulas que mostram que esses fiascos que tanto vemos por aí, são muitas vezes (muitas vezes!) fruto da incompetência dos dirigentes. Incapazes de aprender com experiências anteriores, eles continuaram comprando, gastando, afundando times.

Mas o Rafael Moura hein!? Bem que cairia bem no meu time...
Jônatas Amaral

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